quinta-feira, agosto 31, 2006

O QUE HÁ

O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimno, íssimo, íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

quarta-feira, agosto 23, 2006

EU DEVIA


Eu devia fechar todas as portas pra você
Mas abro meu coração
Eu devia desacreditar das suas estorias
Mas não duvido das suas palavras
Eu devia te mandar cala a boca
Mas te ligo pra ouvir sua voz

Eu já devia estar rindo de tudo isso
Mas ainda estou aqui chorando
Eu devia parar de ouvir a nossa musica
Mas a ouço varias vezes ao dia
Eu devia desejar que você sumisse
Mas passo horas a fio olhando suas fotos

Eu devia dar a volta por cima
Mas estou parada esperando você
Eu devia te odiar por tudo que você me fez perder
Mas te amo por tudo que me deu
Eu devia desistir de você
Mas sonho com o nosso reencontro

Eu devia deixar o nosso amor passar com o tempo
Mas continuo eternizando o em palavras...


Outro lugar

Cê sabe que as canções são todas feitas pra você
E vivo porque acredito nesse nosso doido amor
Não vê que ta errado, tá errado me querer quando convém
E se eu não estou enganado acho que você me ama também

O dia amanheceu chovendo e a saudade me contem
O céu já tá estrelado e tá cansado de zelar pelo meu bem
Vem logo que esse trem já tá na hora, tá na hora de partir
E eu já to molhado, to molhado de esperar você aqui

Amor eu gosto tanto, eu amo, amo tanto o seu olhar
Andei por esse mundo louco, doido, solto com sede de amar
Igual a um beija-flor, que beija-flor,
De flor em flor eu quis beijar
Por isso não demora que a historia passa e pode me levar

E eu não quero ir, não posso ir pra lado algum
Enquanto não voltar
Não quero que isso aqui dentro de mim
Vá embora e tome outro lugar
Talvez a vida mude e nossa estrada pode se cruzar
Amor, meu grande amor, estou sentindo
Que esta chegando a hora de dormir

Elder Costa

domingo, agosto 20, 2006

CONTO DE FADAS MODERNO

Data:18/08/2006 Horario:07:20 Local: Copacabana

Ela entrando na estação do metro Ele saindo Ela querendo chegar em casa Ele querendo chegar na praia Ela muito cansada Ele cheio de disposição Ela saindo do trabalho Ele matando aula na faculdade Ela portando nas mãos um livro de poesias Ele portando uma prancha...Um esbarrão o livro cai e uma folha voa... Ele pega o livro e pedi desculpas pela folha Ela sorri mesmo irritada Ele elogia seu sorriso Ela sorri novamente menos irritada...Os olhares se cruzam Ela desvia Ele não Ela louca pra ir embora Ele sem nenhuma pressa Ela constrangida Ele a vontade Ela ameaça seguir seu caminho Ele a segura pela cintura Ela ama que a segurem pela cintura Ele sente que a contrariou retira a mão e a convida pra tomar algo Ela recusa Ele insiste Ela recusa novamente Ele insiste novamente e diz que não vai desistir Ela desiste...Eles vão andando até a praia e sentam num quiosque Ela pede Cola Cola Ele água de coco Ela diz que odeia água de coco Ele odeia Coca Cola mas prefere não dizer Ela conta que passou a noite inteira acordada trabalhando Ele diz que também passou a noite acordado numa boate Ela pergunta se ele trabalha Ele diz que não só estuda e pergunta se ela estuda Ela diz que não que só trabalha e sorri Ele elogia novamente seu sorriso Ela diz que ele é o contrario dela Ele diz que opostos se atraem amassa a lata de Coca Cola vazia e encaixa dentro do coco como que pra provar sua tese Ela sorri Ele a admira Ela abaixa a cabeça timidamente Ele diz que faz faculdade de Direito Ela diz que tudo que ela mais quer é ser advogada Ele diz que tudo que ele mais quer é desistir da faculdade Ela pergunta se ele gosta de ler Ele diz que nunca terminou de ler um livro na vida Ela diz que já perdeu as contas de quantos leu Ele pergunta se ela gosta de surfar Ela diz que tem hidrofobia Ele abaixa a cabeça desesperançoso de encontrar alguma afinidade Ela diz que ele tem diante dos olhos uma paisagem muito linda pra ficar olhando pro chão Ele levanta a cabeça e diz que ama a natureza Ela diz que tambem ama Ele pergunta se ela gosta de acampar Ela diz que não Ele perde as esperança de vez Ela diz que não pode dizer que sim porque nunca acampou mas morre de vontade Ele sorri que nem criança Ela diz que ele tem um sorriso lindo Ele agradece sem nenhuma timidez...Os olhares se cruzam novamente Ele se aproxima dela Ela continua parada Ele a beija Ela o beija...As diferenças agora não importam...
Ele diz que vai ensinar ela a nadar Ela promete se esforçar se ele le um livro indicado por ela Ele acha justo...Ela diz que tem que ir embora Ele diz que ainda é cedo Ela diz que precisa ir Ele lhe da o numero de seu telefone celular Ela da o numero de seu telefone residencial...Ele no caminho de volta ao metro para numa livraria e compra o livro que se despedaçou no esbarrão Ela procura a pagina que voou pra ler o que estava escrito Ele pega o livro da mão dela acha a pagina e arranca Ela tenta inutilmente impedi lo Ele amassa a folha sem ler,joga fora e diz apontando para os livros que agora eles tinham algo em comum Ela fica aborrecida pelo desperdicio Ele pergunta se ela quer reescrever essa pagina com ele Ela aceita num sorriso Ele a abraça e em seu ouvido pergunta se já disse que ela tem um sorriso lindo...
Eles se despedem Ela vai pra casa dormir Ele vai surfar Ela não consegue dormir Ele não consegue surfar Ela liga pro celular dele Ele liga pra casa dela...Ocupado... Será que um dia eles se esbarram novamente...


MÃO DO DESTINO

Vive em algum lugar
A pessoa mais linda
Que o mundo já revelou pra mim,
Ah, se vive, sei que vive...

Livre por aí
Seu olhar ilumina
E libertará meu desejo de amar,
Serei livre, eu serei livre...

E de fato era dessa forma que eu imaginava,
Ela andava livre pelas ruas,
E por ela a própria luz se iluminava.
Lembra um filme ou um livro que já li,
Frase que ouvi: sempre te amei, nunca te vi,
Sempre te amei, nunca te vi.
E eu sabia que ela também já me procurava...

Acho que vou tentar
Mais uma vez me aventurar,
Por tudo que o amor me dá,
Tantos motivos pra sonhar.

É brilho de estrela,
Eu não sei porque,
Mas seus olhos me trazem o mar.

É mão do destino,
Eu não sei porque,
Mas seus olhos me trazem o céu.

É brilho de estrela,
Eu não sei porque,
Mas seus olhos me trazem a paz.

É mão do destino,
Eu não sei porque,
Mas seus olhos me trazem mel.

Jorge Vercilo

quinta-feira, agosto 10, 2006

ONE LAST CRY

My shattered dreams and broken heart
Are mending on the shelf I saw you holding hands
Standing close to someone else
Now I sit all alone
Wishing all my feeling was gone I gave my best to you
Nothing for me to do
But have one last cry
One last cry
Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind this time
Stop living a lie I guess I'm down to my last cry I was here you were there
Guess we never could agree
While the sun shines on you I need some love to rain on me
Still I sit all alone
Wishing all my feeling was gone
Gotta get over you Nothing for me to do
But have one last cry
One last cry
Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind this time
Stop living a lie I know I’ve gotta be strong
‘Cause ‘round me life goes on and on and on and on
But have one last cry
One last cry
Before I leave it all behind I've gotta put you out of my mind for the very last time
Been living a lie I guess I'm down I guess I'm down I guess I'm down To my last cry

TRADUÇÃO

Um último choro

Meus sonhos destruídos e coração partido
Estão se recuperando
Eu te vi, de mãos dadas, de pé
Perto de outro alguém
Ainda estou sentado sozinho
Desejando o desaparecimento de meus sentimentos
Eu dei o meu melhor para você
Não há nada melhor a fazer
A não ser chorar pela última vez

Um último choro
Antes de deixar tudo para trás
Vou expulsá-lo de minha mente
Dessa vez, acredite que eu...
Eu acho que terei um último choro

Eu estava aqui, você estava lá
Acho que nunca concordamos
Enquanto o sol brilhava em você
Eu preciso que o amor me espere
Ainda estou sentado, sozinho
Desejando o desaparecimento de meus sentimentos
Tenho que superá-la (tenho que superá-la)
Não há nada para mim
A não ser chorar pela última vez

Um último choro
Antes de deixar tudo para trás
Vou expulsá-lo de minha mente
Dessa vez, acredite que eu...
Eu sei que preciso ser forte
Porque minha vida toda continua

Vou secar os olhos
Logo depois de chorar pela última vez
Um último choro
Antes de deixar tudo para trás
Vou expulsá-lo de minha mente
Dessa vez, acredite que eu...
Acho que terei, acho que terei
Acho que terei um último choro

Composição: Brian McNight, Brandon Barnes e Melanie Barnes

Um ultimo choro por um ultimo amor
Ou quem sabe não será um ultimo amor
Mas também não será o ultimo choro

Será que o amor compensa as lagrimas
Não seria melhor evitar chorar
Não seria melhor evitar amar...

sexta-feira, agosto 04, 2006

QUEM É ELA?


Ela é aquela
Aquela que não dá pra ficar com raiva
Que me mata de saudades
E nem percebe

Ela é a do telefone ocupado
A tal super solicitada
Que nunca entende o que eu digo
Mas sempre entende o que eu não digo

A que não chora na frente das pessoas
Mas é sensível por dentro e por fora
Aquela que não é preciso lente
Dá pra ver a olho nu de tão transparente

Aquela do melhor minuto,da melhor hora
Do melhor dia,da melhor semana
Do melhor mês e do melhor ano

Aquela que eu conheço como a palma da minha mão
Mas que ainda me surpreende com um tapa ou um carinho
A que me chama de "chata" a todo momento
É a mesma que me diz "eu te amo" também a todo momento

A que eu queria ter só pra mim
Mas tenho que dividir com o mundo
É a tal das obsessões
Companheira da novela e do pedalinho

Ela é a implicante que não me empresta o travesseiro
Ela é a que me empresta o casaco e fica com frio
Que me da a sombrinha e vai na chuva
Ela é a que sempre me espera
E a que pede desculpa quando se atrasa

Ela não mora na minha casa
Não trabalha comigo
Não lê meus livros
Nem ao menos compartilha dos meus planos
Mas sem ela o meu mundo não seria completo
Ou melhor eu não seria completa...

E aí adivinhou quem é ela?

quarta-feira, agosto 02, 2006

QUANDO A GENTE AMA

Quem vai dizer ao coração,
Que a paixão não é loucura
Mesmo que pareça
Insano acreditar

Me apaixonei por um olhar
Por um gesto de ternura
Mesmo sem palavra
Alguma pra falar

Meu amor,a vida passa num instante
E um instante é muito pouco pra sonhar

Quando a gente ama,
Simplesmente ama
É impossível explicar
Quando a gente ama
Simplesmente ama!


Oswaldo Montenegro

terça-feira, agosto 01, 2006

TEU RISO

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda