sexta-feira, junho 29, 2007

ASSIM SEM DISFARÇAR

Eu quero te dar
E quero ganhar o que você me der
Eu quero te amar
Até não saber mais o que isso é
Eu quero querer
Igual a você assim sem disfarçar
E quero escrever
Uma canção de amor para nos libertar

De todos os códigos, hábitos, truques, manias
Que insistem em estar
No meio, no centro, no canto da gente
Em lugares que eu não quero andar

Eu só quero te dar
E quero ganhar o que você me der
Eu quero te amar
Até não saber mais o que isso é
Eu quero querer
Igual a você assim sem disfarçar
E quero escrever
Uma canção de amor para nos libertar

De cada imagem errada
Que a velha palavra usada nos trás
De tudo que signifique
Que para sermos um temos que ser iguais

Eu só quero te dar
E quero ganhar o que você me der
Eu quero te amar
Até não saber mais o que isso é
Eu quero querer
Igual a você assim sem disfarçar
E quero escrever
Uma canção de amor para nos liberta

Moska

quarta-feira, junho 27, 2007

EU E VOCÊ


Disfarçar com plumas
Óculos engraçado
Chapéu bizarro
Mas não há cor
Nem graça
Há apenas uma máscara
Assustadora e vil
Da vergonha e do medo

Vergonha de quê?
Medo de quê?
Vergonha de mim
Medo dos outros
Covardia...

Sim covardia
Devia ser diferente
Se não fossem...
Se não fosse eu

Mas é você
Que fica aí esperando
A minha coragem
Que nunca chega

Estamos a um passo do fim do mundo
Mas eu sou um caranguejo
Sempre andando pra trás

E a sua mão agora segura a minha
E pareço mais forte
Mas as aparências enganam
Apesar de me puxar eu continuo
Continuo aqui parada
Exactamente no mesmo lugar

E sou eu e é você
Agonizando a apenas um passo
Mas se não fosse eu
Certamente você
Chegaria lá...

domingo, junho 17, 2007

ROSA MORREU


A Rosa morreu antes
Antes de desabrochar
Mas a Rosa queria ir
Não a Rosa queria ficar

A Rosa queria morrer
Entre os dedos de quem amava
Mas morreu prematuramente
Nos pés de um transeunte descuidado

Rosa esperava ansiosa por seu destino
De ser morta por um desejo
Um fã que embebido por sua beleza
Não se contentasse apenas em observa-la

Era esse o fim que Rosa almejava
E sonhava todas as noites
Que num acesso de loucura alguém a capturasse
E ainda que fosse esmagada pelos dedos de um insano
Rosa morreria contente

No entanto menino travesso ignorando a placa no jardim
Correu inconseqüentemente entre as flores
E seu pé pequeno mas não tão pequeno quanto a Rosa
A esmagou e nem deu pelo ocorrido
E Rosa que vivia desejando não mais viver
Morreu sem querer morrer

Rosa não queria muito
Só esperava cumprir o destino
Reservado a todas de sua espécie
Morrer por ser naturalmente bela
Rosa só desejava ser desejada
Ainda que apenas por um minuto

Quem presenciou o fato jurou
Que Rosa não suspirou
Deu um último soluço
E por fim morreu
Ainda que sem querer

sexta-feira, junho 08, 2007

NUNCA FOI TARDE


Ando pela rua a te chamar
Mas na verdade, tanto faz
Porque visto as frases que você me deu
Mas elas não me servem mais
O que aconteceu com seu futuro que era o meu?
Agora não adianta mais me responder
(nem venha me dizer)

Quem passou do ponto onde era longe
E de que jeito era o certo
Porque minha dor sempre se esconde
Mas nunca sai de perto
O que aconteceu com meu futuro que era o seu?
Eu não vou provar do seu antídoto
Que me salva e me condena a me encontrar perdido
Não preciso de você pra descobrir
Que a estrada infinita que tenho que seguir
Não leva a nada

Começamos o fim... É assim
O melhor pra você, o melhor pra mim
Eu não voltaria mesmo
E você não podia ter ficado aqui
(nunca foi tarde)

E hoje quando amanhece sol
Abro a janela para a chuva
Que coincidência: tua mão
Não cabe mais na minha luva
O que aconteceu com o futuro que morreu?...
Ou nunca existiu?
Você nem olhou pras coisas que admiro
E nem me ouviu
Mas era eu quem te chamava com meu último suspiro
O que aconteceu com o futuro que se perdeu?
(nunca foi tarde)

Jeff Buckley e Moska

sábado, junho 02, 2007

RECOMEÇO

Abro a janela dia sem sol Nas gavetas abertas as nossas roupas misturadas No livro jogado no chão uma foto sua como marcador de página Abro a porta e vejo um mundo pra mim em que você não está...Bato a porta Fecho a gaveta os livros e a janela que me mostra um dia fechado me tranco em mim...Se as chaves se perdessem definitivamente. Com a sua ausência sol não nasce, eu desconheço o meu cheiro os livros não tem mais sentido e o mundo perde o valor...E me diz o que há lá fora sem ti? O que há aqui dentro sem ti? O que há em mim sem ti?
E essa casa vazia é o espelho do meu ser Suas marcas se espalham por toda a parte mas você não está...Por inúmeras vezes te desejo a tal ponto que quase pude te tocar mas o quase é pouco e me perco em devaneios livremente sem suas mãos grandes pra me puxarem de volta a realidade...Se me mostrasse o caminho dessa sua nova realidade?
E como pode encontrar nos braços de outra a felicidade Se fui eu que te dei os meus melhores sorrisos? Ainda posso sentir em meu peito os soluços ao te ver batendo a porta e saindo sem olhar pra trás. Como quem pede demissão de um emprego estafante e vai com lágrimas nos olhos apenas pelos grandes amigos que fez mas aliviado por não ter que voltar ali no dia seguinte...
Desse dia em diante experimentei todos os sentimentos: medo, raiva, ódio, pena de ti e de mim mas hoje escrevendo essa carta só me sobrou um o AMOR, que nutriu todos os outros até aqui... Tento compreender quando você começou a se afastar de mim e como não percebi. Devia ter te agarrado quando ainda estava aqui...E dessa vertente surge uma lista enorme de tudo que devia ter feito e não fiz: cada beijo que eu evitei (eu só queria poder resgatar um apenas um deles) as vezes que procurava o meu corpo e eu te repelia por me julgar cansada demais pra atender seus desejos e todo o tempo que perdi te amando pela metade...E agora estou aqui me dando inteira mas você não está mais pra me querer...
Essa é última carta que lhe escrevo e como das outras vezes peço que não a responda... Pelo respeito que disse sentir por mim rogo que não me procure jamais, em nenhuma circunstancia pois nunca te perdoaria se ousasse bater novamente na porta que fechou com tanto desdém...E o meu último pedido a ti é que faça valer a pena, cada fisgada de dor do meu peito cada lágrima que fez saltar dos meus olhos, seja feliz...Pois eu amanhã abrirei as minhas portas a minha janela e deixarei a luz entrar em mim e um mundo novo se abrirá...



PS:Ela acordou bem cedo e destrancou a porta, não se lembrava da última vez que fizera isso, estava com o seu melhor vestido quando saiu a rua e pode sentir os olhares admiradores o ar parecia entrar pelos seus poros entupidos de poeira domiciliar. Comeu seu sanduiche gorduroso preferido sem se preocupar com as calorias. Postou a carta escrita na noite anterior e foi andando em passos firmes até a estrada estava bem excitada mas o medo também era seu companheiro de caminhada apesar de tentar insistentemente disfarça lo...Se lançou na frente do primeiro caminhão que avistou e permitiu que ele a esmagasse...Sua última lembrança em vida foi a intensa luz do farol vindo em sua direção...Assim como dissera em sua carta de despedida ao único e grande amor da sua vida...